MULHERES PALHAÇAS: UMA HISTÓRIA EXTRA-OFICIAL

Uma figura palhacesca pode ressignificar objetos e estruturas do cotidiano, uma vez que lança olhares para a comicidade do erro, da falha, da derrota. Sua incapacidade de adaptação à ordem dos acontecimentos e à sucessão dos fatos e sua lógica incoerente de ação podem gerar rupturas no cotidiano. Satirizando aspectos da vida comum, as palhaças e os palhaços movem reflexões naquelas pessoas que presenciam sua ação, situando-as em um ponto de vista cuja tendência usual é evitar: o do fracasso. A partir do riso, a falha gera empatia, identificação e distanciamento, agregando-se ao fluxo da vida como elemento transformador. Às figuras palhacescas é possível, deste modo, questionar padrões comportamentais. Atuação das mulheres como palhaças é um exemplo destes questionamentos. Permeada pela construção de novas diretrizes frente à palhaçaria, que é historicamente pensada a partir de uma óptica masculina, heterormativa e de matriz europeia. No presente artigo, vinculado à minha pesquisa doutoral no Programa de Pós-graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina (2021), tenho por objetivo dialogar com este fenômeno tardio na vida das mulheres: o da palhaçaria.