A AGROECOLOGIA SOB A PERSPECTIVA DO ECOFEMINISMO: UMA AÇÃO POLÍTICA PARA A AUTONOMIA DE MULHERES

A Agroecologia está muito além da forma de apenas substituir os agrotóxicos por adubação orgânica. Ela se funde na sua forma mais ampla como um ato político de transformação social com o intuito de perceber a agricultura de forma integrada, contemplando todas as formas de vida e respeito a todos os seres, solidificando-se, dessa forma, a inclusão de agricultores e agricultoras familiares como seres mais autônomos. O presente artigo se dispõe a refletir sobre as conexões entre a Agroecologia e o trabalho das mulheres sob uma perspectiva ecofeminista e a partir de uma análise do empoderamento e autonomia. A partir de um ensaio teórico de abordagem exploratória, constata-se que, o Ecofeminismo, movimento originado na França, por volta da década de 70 combinado com a Agroecologia, busca explicar as supostas ligações existentes entre a contínua destruição da natureza e a opressão das mulheres, contrapondo-se a teoria de gênero que busca desnaturalizar a associação entre mulher, natureza e procriação. Dessa forma, conclui-se que a participação nas experiências agroecológicas estimulam as práticas de troca de saberes como forma pedagógica para a expressão e aprendizado mútuo, possibilita a ampliação do espaço de atuação das mulheres, colocando-as em contato com outras redes de sociabilidade e legitima a participação na sua comunidade. Há diversas experiências em que a produção agroecológica e a participação crescente na esfera política tem contribuído para o empoderamento das mulheres, que começaram a transpor o espaço doméstico, conquistando maior autonomia e autoestima. Por fim, avalia-se a importância da agroecologia para a vida das mulheres, ou seja, se processos de transição agroecológica tem sido capazes de proporcionar empoderamento e fortalecer a autonomia das mulheres envolvidas.